A ciência mostra-nos que inconscientemente assumimos que pessoas mais altas são mais atrativas e mais credíveis. Estudos científicos efetuados para homens latinos, veio comprovar que estes são considerados mais credíveis com altura acima de 1,75 m, e que esta perceção se sobrepõe a outras características de ordem física, como a cor dos olhos, o tom de pele, os cabelos ou quaisquer outras de ordem estética.
Numa entrevista de emprego, ou em qualquer outra situação, demoramos apenas 100 milissegundos a determinar que tipo de pessoa temos diante de nós. A avaliação das características de ordem não verbal é processada inconscientemente e de forma muito rápida de modo a que possamos adotar comportamentos mais adequados à relação que vamos estabelecer.
Esta rápida avaliação é inata e ancestral, tem na sua génese a resposta ao medo. A insegurança do desconhecido, fez-nos desenvolver cada vez mais a capacidade de rapidamente termos uma melhor perceção do outro.
Num sentido figurado, é como se tivéssemos um hardware instalado no nosso cérebro e que operasse lá um software que processa toda esta informação. Ou seja, quando somos expostos a uma nova face, o que fazemos é aceder à nossa base de dados e comparar a face exposta a outras de semelhantes características, fazendo rapidamente a nossa prévia avaliação do outro. No nosso dia-a-dia estamos sempre a acrescentar informação à nossa base de dados.
Sem que tenhamos consciência disso, e em consequência desta avaliação, ficamos invariavelmente á espera que nos sejam devolvidas certas características ao nível comportamental, o que nem sempre acontece. O outro, na grande maioria das vezes não responde a uma parte significativa da nossa espectativa, e pode influenciar a nossa perceção
Estes aspetos são incontroláveis, não podemos mudar a nossa face e o impacto que esta provocará nos outros, nem desconsiderar as perceções que fazemos de terceiros com quem nos relacionamos. Já a nossa postura corporal e as restantes características não verbais poderão funcionar a nosso favor, potenciando a nossa comunicação, ou em sentido inverso determinar através da nossa observação o que o outro na realidade nos está a comunicar.
A melhor estratégia que podemos adotar para uma entrevista de emprego, é momentos antes de entrarmos na entrevista, acedermos aos nossos melhores estados emocionais de confiança e empoderamento.
Podemos aceder a estes estados por diversos canais:
- Auditivos – Se tivermos hipótese de ouvir aquela musica que nos coloca num estado melhorado de confiança e poder.
- Cinestésico – Ganhar uma postura corporal de empoderamento, de vitória ou de confiança.
- Visual – Observar uma fotografia, o nosso diploma ou qualquer outro documento que nos leve para momentos em que nos sentíamos de facto vitoriosos e realizados.
Um estudo cientifico desenvolvido na universidade de Harvard, mostra-nos que basta adotarmos por 5 minutos uma postura de confiança, para o cérebro reconhecer que estamos num estado confiante e que consequentemente devolva ao corpo esta mesma confiança.
A relação corpo-mente é uma autoestrada de dois sentidos, logo se o corpo estiver confiante o cérebro vai registar essa confiança e vice-versa, entrando assim numa espiral confiante. Os movimentos corporais, os pensamentos e as emoções que se experimentam estão interligados e têm repercussões reais uns nos outros.
Criar momentaneamente posições de confiança e adotar momentos poderosos apenas para o contacto inicial pode ser um erro, pois se o nosso real estado emocional for, por exemplo de fragilidade ou insegurança, rapidamente esse mesmo estado se apodera de nós e da nossa comunicação.
Assim, deveremos previamente criar o nosso melhor estado, pois consequentemente comunicaremos com maior tranquilidade, com confiança, adotando pensamentos claros e de forma fluida. Ao invés se o stress se apoderar de nós, vamos rapidamente mostrar ansiedade, vamos ter erros de fala, pensamentos confusos, ansiedade, nervosismo que ficaram facilmente percetíveis ao outro.
Os nossos pensamentos, bem como as nossas crenças positivas ou negativas, influenciam a forma como agimos, mudam a nossa fisiologia e as nossas ações.
“Eu sou o maior, eu dizia isto antes mesmo de saber que eu era” – Muhammad Ali
Rui Mergulhão Mendes